sexta-feira, 9 de março de 2012

O Silêncio

Não vale a pena sem o silêncio. É que no silêncio estão contidas todas as palavras e as não-palavras. E as não-palavras dizem muito mais que todas as palavras. As palavras são inconsequentes, o silêncio não. Primeiro é o respeito, depois a compreensão. E depois da compreensão é um olhar cúmplice. A cumplicidade. E depois volta o silêncio. Porquê as palavras?  Para dizerem o que sabemos? Porque, se as disserrmos riscamos o som mágico que está para além das palavras, que está para além do respeito e da compreensão e, que só o silêncio conhece. Sem ele não vale a pena. Mas, um dia tem de chegar uma palavra. Sim, porque não se vive do silêncio, vive-se das palavras. É por isso que o silêncio é tão bom. Porque ausentasse-nos a imposição de viver.

E por um bocado distraio-me. Distraio-me porque no silêncio encontro todos os sons do mundo e que as palavras não deixam ouvir. E ai encontro todos os sons dentro de mim. E ai encontram todos os sons dentro de mim. E ai encontro todos os sons dentro de ti. É assim o meu silêncio, e o vosso? O som do meu silêncio é verdadeiro, é puro, e não há nenhum silêncio igual ao meu, igual ao teu, porque o silêncio vem sempre e, sempre só de dentro de nós. As palavras vêm sempre depois do silêncio. Ou pelo menos, deviam vir. Porque só depois de sabermos que entendem o nosso silêncio, saberemos que perceberão as nossas palavras. E o contrário não é verdade. Porque, por quantas mais palavras expliquemos o nosso silêncio, a linguagem do silêncio não é, só, as palavras. Por isso é impossível compreender o silêncio por palavras. Mas como no silêncio estão todas as palavras e as não-palavras, depois do silêncio, e só então, podemos compreender as palavras, e muito mais que só palavras. E então percebemos tudo o que o mundo nos está a tentar dizer. E então percebemos tudo de nós. E então percebemos tudo dos outros. Só podemos conhecer alguém se conhecermos o seu silêncio. É assim que sabemos que podemos confiar em alguém, quando o seu silêncio não incomoda, quando o nosso silêncio não incomoda.

Primeiro é o respeito, depois a compreensão. E depois da compreensão é um olhar cúmplice. A cumplicidade. Que mais vos posso dizer sobre o silêncio? Não há muito mais. Esgotei as palavras. Porque, por quantas mais palavras expliquemos o nosso silêncio, a linguagem do silêncio não é, só, as palavras. Por isso é impossível compreender o silêncio por palavras. E depois do  silêncio Depois do silêncio vem tudo. Não vale a pena sem o silêncio. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Cativante, emocionante, adorei! Alias adoramos! Ao som de uma música li o texto para o João e foi muito bonito! Fiquei a achar que ias ficar! Também me envolvi pelo arco íris da dança. Sabes uma coisa? Eu sei uma coisa que te deixa mt feliz... Escrever! Porque não te tornas escritor? Pensa nisso!
Ana e joao

João Henriques disse...

Muito obrigado, e é bom saber.
Quanto à escrita só sei escrever rascunhos :) mas obrigado pela confiança!

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